A comunidade da criptomoeda Ethereum abraçou desde o início a filosofia de evolução constante e experimentação. Foi assim que este projeto inovou com os ativos digitais (tokens), aplicações descentralizadas, e migrou em pleno funcionamento para uma rede 99,9% mais eficiente no gasto energético.
A atualização Shanghai Fork do Ethereum, prevista para abril de 2023, é mais uma evolução de sua tecnologia, atendendo novas demandas, corrigindo falhas do passado, e aprimorando a rede para os mais diversos desafios do mundo real.
Confira o que é o Shanghai Fork, e os impactos dessa atualização na cotação e novas funcionalidades na rede líder em aplicativos descentralizados.
O que é Shanghai Fork, a atualização da rede Ethereum?
Para entendermos o que é Shanghai Fork do Ethereum, precisamos primeiro dar um passo atrás, analisando a atualização The Merge, que ocorreu em 15 de setembro de 2022.
Ao abandonar o sistema de validação de transações através da mineração, esforço que exige grande gasto energético para incluir novos dados no blockchain, a rede Ethereum passou para o modelo Proof-of-Stake, ou “Prova de Participação”.
Para atingir esse objetivo, foi criada em dezembro de 2020 uma camada adicional na rede, conhecida como Beacon Chain. É aí que entra o Shanghai Fork, na realidade, esta atualização ocorre em paralelo com o Capella Fork, portanto também é conhecida como “Shapella”, uma fusão de ambas as palavras.
Qual a importância dessa atualização?
Os interessados em participar do staking, o processo de validação que remunera os depositantes, tinham que depositar 32 moedas ETH nesse mecanismo. Entretanto, a Beacon Chain não permitia saques e é justamente isso que a atualização Shapella Fork pretende mudar.
De fato, existem outras mudanças envolvidas, que provavelmente possuem impacto muito limitado na oferta e demanda, porém são importantes para reduzir o custo de registro e execução de operações, além de elevar a segurança da rede.
Em suma, a principal motivação para a atualização Shanghai Fork é permitir a liberação de saques de moedas ETH travados para validação na “Prova de Participação”.
Como essa atualização irá impactar os investidores?
Vamos primeiramente analisar especificamente a implementação EIP-4895, a atualização que permite que os validadores saquem seus etheres travados.
Apesar da funcionalidade ser simples, seu impacto na cotação do Ethereum pode ser bastante significativo. Isso porque são 16,9 milhões de moedas ETH travados no mecanismo de “Prova de Participação”, o contrato da Beacon Chain — cerca de 14% do total circulante.
Pressão vendedora
Com a possibilidade de sacar o ETH, muitos dos investidores podem acabar se desfazendo de parte de suas posições, pois estão acumulando renda do staking desde o final de 2020. A princípio, isso geraria uma pressão vendedora, impactando negativamente a cotação da criptomoeda Ethereum.
Observe que alguns participantes do staking podem sacar seus ETH para utilizá-los na própria rede Ethereum, incluindo aplicações de finanças descentralizadas (DeFi), ou apenas holdar essas moedas. Em suma, as retiradas não necessariamente significam a venda do ativo, fator que influencia na cotação.
Segurança da rede
Outro aspecto importante para se analisar é a segurança da rede, pois existe um limite máximo de saque de 50.000 ETH por dia para que validadores desmontem suas posições. Há uma previsão — em um cenário agressivo — de uma retirada estimada de 2,9 milhões de ETH ao longo do primeiro mês.
Dessa forma, a atualização Shanghai Fork foi cuidadosamente pensada para evitar rupturas, e mesmo que sobrem apenas 14 milhões de moedas Ethereum no mecanismo de Proof-of-Stake, esse montante representa mais de 22 bilhões de dólares em valor de mercado.
Consórcios de staking
Cerca de um terço de todos os depósitos participando no processo de validação das transações de Ethereum foi realizado por consórcios, conhecido como aplicações de “Staking líquido”. Nesse modelo, Lido Finance e Rocket Pool são exemplos bastante utilizados.
Para estes investidores, não é esperado uma pressão vendedora, pois esta modalidade dá a possibilidade do usuário ter liquidez por meio dos recibos, criando assim uma possibilidade de saída antecipada mesmo antes da atualização Shanghai Fork.
Demais atualizações do protocolo
Vamos listar de forma resumida as demais mudanças trazidas pelo Shanghai Fork e seu impacto no dia-a-dia da rede Ethereum.
EIP-3651: Warm COINBASE
Essa proposta inclui a lista dos endereços inicializados assim que a transação começa, reduzindo seu custo e mantendo a segurança contra os ataques maliciosos (DDoS).
EIP-3855: PUSH0 instruction
Sua proposta é de incluir uma nova instrução que insere um valor constante e torna os códigos mais baratos e seguros, reduzindo os efeitos colaterais das soluções atualmente presentes.
EIP-3860: Limit and meter initcode
Limita o tamanho máximo do código de criação de um smart contract no blockchain, e aplica um custo extra de para cada 32 bytes utilizados. Em resumo, reduz o incentivo para inflar a rede com dados desnecessários.
EIP-6049: Deprecate SELFDESTRUCT
Esse código é responsável por tornar inutilizável um contrato submetido ao blockchain. Essa atualização apenas insere uma advertência, pois sua funcionalidade não será alterada de imediato, mas é esperado que este seja alterado futuramente.
Saque do staking de Ethereum no MB
Na modalidade de renda passiva com staking de Ethereum, o MB faz todo o trabalho a partir de R$ 10 de depósito mínimo, e as recompensas são creditadas diariamente na sua conta do MB.
A estimativa é que algumas semanas após a efetiva implementação do Shanghai Fork, nossos usuários passem a contar a função de resgate do montante bloqueado no staking. Isso dependerá da análise técnica e de segurança, portanto no momento não há uma previsão para esta data.
Quais as próximas atualizações do Ethereum?
Após a conclusão das atualizações Shanghai e Capella, conhecido como “Shapella” Fork, o foco dos desenvolvedores da Ethereum Foundation será o sharding, a capacidade de processamento paralelo da rede. A mudança irá reduzir os custos operacionais e possibilitar o uso por aplicações que demandam maior capacidade de processamento.
Essa fundação é uma entidade dedicada para estudos e estímulo ao crescimento desse ecossistema, portanto não dita quais atualizações devem ser implementadas, nem tampouco é dona do software e banco de dados blockchain, mantidos pelos participantes dessa rede.
Surge
Com foco na escalabilidade, a maior capacidade de processamento com menos recursos, o Surge é a próxima atualização da rede Ethereum. Ainda sem data definida, essa melhora busca reduzir custos de armazenamento e investimento em infraestrutura por parte dos terminais (nodes) e validadores.
Verge
Prevê mudar a forma com que novos dados são armazenados à cadeia blockchain existente. A proposta do Verge elimina a necessidade de armazenamento de dados dos usuários fora do processo de validação de um bloco específico. Essa mudança não altera a capacidade dos participantes de verificar as transações, porém aumenta a escalabilidade da rede.
Purge e Splurge
Essas atualizações focam em eliminar a necessidade de armazenar o conjunto completo de dados históricos por períodos superiores a um ano, e assegurar que futuras melhorias sejam compatíveis com as versões anteriores. Enfim, são pequenas melhorias para otimizar a estrutura após tantas mudanças na rede.
Afinal, devo me preocupar com o Shanghai Fork?
Independente de você ter moedas guardadas em sua carteira (wallet), na corretora (exchange), ou participando do processo de staking, não é preciso fazer absolutamente nada para aproveitar as melhorias dessa atualização na rede Ethereum.
Os riscos dessa atualização são minimizados por sucessivos experimentos nas redes de teste, e o esforço é coordenado por todos os participantes que rodam o software em seus terminais (nodes).
Como qualquer mudança em sistemas operacionais complexos, os riscos adicionais são desconhecidos, mas devido a esta atualização ser menos tecnicamente complexa que o The Merge (de 2022), não são esperados grandes problemas na implementação.
Qual a opinião dos especialistas do MB sobre o preço de Ethereum?
Nossos especialistas acreditam que o preço da criptomoeda Ethereum pode sofrer nos momentos iniciais frente a forte narrativa do risco de venda, além de especuladores que se desfazem de suas posições para posteriormente comprar novamente a um preço mais favorável.
No longo prazo, porém, os especialistas do MB acreditam no potencial de longo prazo do Ethereum, que passa por sua deflação após a atualização The Merge, e reaquecimento da atividade em finanças descentralizadas (DeFi) e aplicações utilizando tokens registrados na rede, incluindo os NFTs.
Quer se aprofundar e aprender sobre cada uma das implementações contidas na atualização Shanghai Fork do Ethereum? Acesse o relatório completo “Shanghai Fork: O próximo passo da Ethereum”.
Publicado em: MB Blog.